A FORÇA POSITIVA DO TDAH








Os últimos anos tem sido generosamente difíceis.
Perdi praticamente tudo e todos que eu valorizava. Muitas coisas e muitas pessoas eu valorizei mais do que devia.
Vinculei minha vida a sentimentos frágeis, embasados em premissas erradas e expectativas equivocadas. Hoje pago o preço disso, e caro.
Agrilhoei-me ao amor alheio e arrastei-o ao longo de toda a minha vida. Sonhei sonhos que não me pertenciam e violentei-me com vidas que não vivi.
Acreditei-me maior e melhor do que eu era, acreditei em falsas bajulações, elogios ocos e em super poderes que jamais tive. Ergui ao meu redor uma couraça robusta de aparência mas com a solidez de uma casca de ovo. Ao longo dos últimos anos a couraça começou a trincar e ruiu completamente. O super herói era uma brincadeira, um conto de fadas sem final feliz.
Silenciosamente os bajuladores foram desaparecendo e o interior frágil da couraça foi ficando cada vez mais evidente.
Da falsa glória de outrora nada restou. Nada mesmo.
Restei só. Absolutamente só.
Os últimos golpes vieram de pessoas que eu não esperava e da forma mais cruel e fria imaginável. Requintes de crueldade.
Aí sentei-me disposto a ver a vida passar, de preferência bem longe de mim. Sem presente e sem nenhuma perspectiva de futuro o imobilismo parecia a única alternativa.
Assim como o golpe derradeiro veio de onde eu não acreditava, a mão amiga também surgiu de onde eu não esperava.
Do meu blog. Do meu TDAH.
Extraio hoje pouquíssimo prazer da minha vida: meu sax, meu trabalho e o blog são praticamente minhas únicas fontes de alegria e minhas companhias nesse período de absoluta solidão.
Como que orquestradamente, venho recebendo estímulos e elogios pelo blog como eu jamais sonhei. Quase que diariamente recebo emails elogiando seu conteúdo, minha coragem de expor meus sentimentos e minha vida e testemunhos de pessoas que se sentiram estimuladas pelo blog.
Mas ontem passou dos limites. Uma amiga  proporcionou-me um dos momentos mais emocionantes da minha vida. O conteúdo de seu email levou-me às lágrimas e, sinceramente, foi responsável por me mostrar que a vida não é feita de perdas, mas de mudanças.
Mudanças de rota, mudanças de caminho, mudanças de valores.
E são essas mudanças que estou vivendo.
Estou só e despido de tudo aquilo que julgava importante em mim e na minha vida até então. No momento em que me sinto mais frágil e impotente, recebo de todos os lados testemunhos e depoimentos de que eu vivia valores errados.
O TDAH me fez forte, me fez um sobrevivente, e por incrível que pareça, me deu oportunidade de me descobrir, de me reinventar, de descobrir em minha vida um sentido de utilidade que jamais julguei ter.
Obrigado Isabela!

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