O TDAH E O DESINTERESSE DOENTIO





Existe uma música velhíssima, se não me engano do Erasmo Carlos, que diz assim:

Vejo caminhões
E carros apressados
A passar por mim
Estou sentado à beira
De um caminho
Que não tem mais fim...

E os carros passam. E passam os caminhões. E a vida passa.
E continua-se, ali, sentado à beira do caminho.
Nem a poeira ou a chuva despertam a vontade de sair. 
Preguiça?
Não. Desinteresse.
Seguir a estrada ou ficar à margem dela; qual a diferença?
Nenhuma.
Ao cobrir-se de pó, uma hora será lavado pela chuva; se esta esfria, pode ser coberta - novamente- pelo pó.
Seguir a estrada? 
Proteger os olhos que ardem? 
Passam mais carros ou mais caminhões? 
Tanto faz...
As vezes, num vislumbre, um rosto chama a atenção dentro de um daqueles veículos. 
Mas passou tão rápido...
Carona? Não precisa... Espera... Sim, espera... Não importa...
Um súbito ímpeto de erguer-se; mas, pra quê? 
Olha pra trás e enxerga no início da estrada a criança agitada, curiosa, que pensava que o mundo conseguiria abraçar. Onde foi parar? 
Quem sabe num dos desvios de dopamina do cérebro confuso.
Numa das falhas geológicas da memória.
Ou derreteu-se nas lavas incandescentes de um acesso de raiva.
Talvez, não a reconheça mais por culpa do pó que estragou os olhos. 
Mas essa criança curiosa existiu mesmo ou é apenas cria de sua memória indomável?
Não faz diferença...
Nunca fez...

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