TDAH - QUEM SABE O QUE A MARÉ VAI ME TRAZER...






Peguei agora no Universal Channel o final do filme 'O Náufrago'. Bem no finzinho o ator principal conversa com seu amigo lamentando-se por ter perdido a mulher que amava pela segunda vez.
Pra quem não assistiu ao filme, o camarada passa 4 anos sumido numa ilha após desastre aéreo, acreditando ter ficado viúva, sua esposa se casa de novo e tem uma filha. Ou seja, ele a perdeu quando seu avião caiu e suas chances de sobrevivência eram remotas e novamente agora quando descobriu que ela estava casada e com filhos.E o mais irônico, um dos seus estímulos para manter-se vivo era uma foto da esposa que ficou em seu relógio, ou coisa parecida.
Na conversa ele relata que, logo que chegou na tal ilha, decidiu suicidar-se; mas não deu certo e ele resolveu manter-ser respirando. Até que um dia a maré trouxe-lhe uma vela, e ele fez um barco e saiu da ilha. Não me lembro direito, mas acho que é isso.
Ele disse ao amigo que estava sofrendo muito a perda da esposa amada pela segunda vez, mas que decidira manter-se respirando, quem sabe o que a maré poderia trazer-lhe no dia seguinte.
Menos TDAH impossível. Algum de nós consegue pensar dessa forma? Ou pensaria na dor que sentiria ao amanhecer e não ver o sorriso da pessoa amada? Como saberia viver sem o brilho dos olhos daquela pessoa? Ou seu sorriso luminoso? Isso é ser TDAH. Antecipamos o sofrimento que pode jamais vir a se concretizar, sentimos a dor que pode jamais acontecer, colocamos na boca das pessoas frases que elas jamais pronunciariam.
Fiquei pensando nisso. E se eu conseguisse pensar assim? Manter-me-ei  respirando, quem sabe o que virá amanhã.
Preciso aprender isso rápido!
Lembrei-me de uma piadinha ridícula, mas super TDAH.
Alta madrugada, a gasolina do carro acaba numa estrada de terra erma e solitária. Ao descer do carro o motorista vê uma luzinha no alto de um morro, bem lá no alto. Ele decide ir pedir ajuda. No caminho, vai pensando: E se eu chegar lá no meio da madrugada e o cara achar que eu sou um bandido? Imagina eu, bandido! Trabalhador, lutador, esqueci de abastecer, só isso. Se bobear nem me atende. Ou então vai abrir a porta de arma na mão. Desgraçado, sovina, egoísta. Eu sozinho no meio do nada e ser tratado assim!
Na medida em que sobe o morro seu ânimo vai se exaltando e ele vai pensando na reação do dono da casa.
É muita desumanidade, o cara pré julgar assim, um cara batalhador como eu ser confundido com um bandido.
Diante da porta, já profundamente irritado o motorista bate. Ninguém atende e ele insiste, sua irritação aumenta. De repente a porta se abre.
- Pois não, diz um senhor com cara de sono. O motorista exaltado grita: Enfia sua gasolina no -- seu filho da p...
Esse é o TDAH. Muitas vezes mordemos a mão que nos alimenta - ou poderia nos alimentar - traímos, agredimos, insultamos.
E no final, as maiores vítimas somos nós mesmos.

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