O TDAH ULTRA SENSÍVEL




O mais legal desse blog é a riqueza dos comentários, a diversidade de pessoas com os mesmos sintomas, dividindo as mesmas dores e, ainda bem, as mesma soluções.
Bebo nessa fonte diariamente e através dela aprendo e me inspiro para novos posts e também para a reconstrução da minha vida, que é um processo permanente e interminável.
Minha amiga Eliana comentou de sua sensibilidade exacerbada que chega, às vezes, ao ponto de achar que algumas postagens do Facebook foram criadas para ofendê-la ou agredi-la.  Que absurdo né, pensaremos vários de nós. Amanhã esse blog vai estar lotado de comentários de pessoas que sentem a mesma coisa ou mais do que ela. E eu me incluo nelas. Nunca pensei que as postagens do Facebook pudessem ser feitas contra mim, mas posso passar a pensar a partir de agora. Brincadeira.
Mas sim, tenho a sensibilidade exacerbada. À flor da pele. Tudo me ofende, tudo me incomoda, tudo me agride. Chegou a tal ponto que comecei a ficar chato. Vivia tendo DRs com minha mulher, amigos, colegas de trabalho, para descobrir que toda aquela interpretação que havia dado não existia, não fora endereçada a mim, ou simplesmente tinha conotação completamente diferente daquela que eu tinha dado.
Em alguns momentos eu fiquei com vergonha, a tal frase era uma brincadeira, ou a pessoa ficou tão surpresa que eu tentei fingir que quem estava estava brincando era eu.
Minha ex esposa comentava que eu era muito suscetível. E isso era uma crítica que me ofendia. rsrs
Criei tantas situações desagradáveis e desnecessárias que mudei minha forma de agir; eu penso bastante antes de falar. Em geral elaboro discussões mentais e preparo todos os argumentos que jamais vou dizer; a conversa esgota-se na minha cabeça. Não falo mais, espero para que outros indícios se acumulem àquele primeiro para que eu monte um caso concreto de ofensa e não apenas um fantasma dessa ofensa. E olha, acho que tem surtido efeito. Minhas discussões diminuíram demais, o que não significa que a sensibilidade diminuiu. Apenas não a externo mais. Descobri que discutir mentalmente esgota o assunto e eu perco a ânsia de confrontar o 'agressor'. E aí lembrei-me de uma característica de personalidade que deve ter a ver com o TDAH: antigamente, no tempo em que se amarrava cachorro com linguiça, as pessoas tinham o hábito de escrever cartas aos amigos e parentes distantes. Eu adorava escrever cartas, mas não me preocupava mandá-las. A saudade e a vontade de contar as novidades esgotavam-se no escrever das cartas. a enorme maioria delas ficava nas gavetas até serem jogadas no lixo. Mais ou menos o que faço hoje com minhas crises de suscetibilidade; imagino todas as DRs que posso ter em função daquela 'ofensa' e extinguo o assunto em  mim mesmo.
Não sei se isso é uma solução ou se estou tapando o sol com a peneira, mas pelo menos diminuí a tensão com as pessoas envolvidas; e fiquei menos chato.
Acabar com o excesso de sensibilidade já é outra história. Se alguém souber me conte.

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