O TDAH ESPECTADOR DA PRÓPRIA VIDA









Pode ser um filme. Um filme que assistimos de forma fria e estática.
Apenas observamos um imenso desfile de pessoas e acontecimentos que, muitas vezes, parecem não ter qualquer sentido ou ligação com as nossas vidas. Apesar de ser um filme ruim, não conseguimos interrompê-lo, mudar de canal ou alterar seu roteiro. Algo obriga-nos a assisti-lo diariamente.
Noutras vezes pode ser um sonho. Uma imagem esfumaçada e distante onde as pessoas mexem suas bocas, em tentativas vãs de nos dizer coisas que não ouvimos, não entendemos, nem absorvemos. Continuamos estáticos, inertes, apáticos diante daquele sonho monótono e cujo roteiro se repete indefinidamente.
Torpor. Talvez essa seja a palavra ideal para definir o estado de alma que temos quando saímos de nossas vidas e passamos apenas a observá-la.
Indiferença é outra palavra que cabe perfeitamente nessa sequência de cenas aparentemente desconexas e sem sentido. Num estado meio entorpecido, observamos indiferentes o desenrolar de nossas próprias vidas. Honestamente, pouco importa se o rio corre pra cima ou pra baixo. Nem importaria se parasse de correr.
Espectadores da própria vida, seus rumos não nos afetam, suas emoções não nos pertencem, seus fatos nos são alheios. Não nos importamos com a nossa vida, apenas acompanhamos seu desfile diante de nossos olhos.
Mas esse sentimento não é permanente, ele surge de tempos em tempos sem que tenhamos o poder de afastá-lo ou trazê-lo de volta, se for essa a nossa vontade. E aí, mais uma vez somos espectadores, não conseguimos dominar sequer esse sentimento. Apenas somos abarcados por ele. Como se fôssemos pegos por uma imensa onda que não sabemos de onde vem, e que nos atira para fora de nossas vidas e, de repente, passamos de protagonistas a espectadores.
Ontem uma amiga do blog postou um comentário sobre esse sentimento. Não me lembro de tê-lo abordado antes, mas na resposta que dei a ela brinquei que havia sido 'promovido'a diretor e produtor da minha vida.
Ser promovido pressupõe que outra pessoa (ou grupo de pessoas) me guindaram a esse novo posto; e isso não é verdadeiro. Através do meu tratamento e da mudança de minha postura eu assumi os papéis de diretor e produtor da minha própria história, da minha própria vida.
Todas as decisões me pertencem e por ter conhecimento do TDAH, por me tratar, por ter feito coaching, tenho consciência plena de que cabe a mim tomá-las, e não importa se corretas ou não, serão as decisões que EU quis tomar.
Os caminhos que trilho me pertencem; os sentimentos que experimento são meus; a vida que levo é minha.
Chega de caminhar a reboque da própria vida; ela é minha e colho exatamente aquilo que plantei. Se eu deixar que o TDAH plante por mim colherei aquilo que ele plantou; o que , provavelmente, será diferente daquilo que desejo pra minha vida.
Nada de andar de carona na minha vida, nada de ser ator coadjuvante.
Eu protagonizo, eu dirijo, eu produzo; e arcarei com todas as glórias que isso possa acarretar.

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