Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH): causas, sintomas e tratamentos

O que é?

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (ADHD) diagnosticado na na infância, via de regra, pode aparecer numa variedade de formas e tem muitas causas possíveis. As pessoas com TDAH (ADHD) apresentam, provavelmente, uma vulnerabilidade genética subjacente a desenvolver, mas a gravidade do problema também é influenciada pelo ambiente. O conflito e o stress tendem a agravá-la.
As principais características deste transtorno encontram-se no seu nome. Os problemas de atenção incluem sonhar acordado, dificuldade de concentração e distraír-se facilmente. A hiperatividade refere-se à inquietação ou à agitação. Uma pessoa com o transtorno pode ser incomodativa ou impulsiva, pode ter problemas de relacionamento e pode estar predisposta a acidentes. A hiperatividade e impulsividade melhoram, muitas vezes, à medida que a pessoa amadurece, mas os problemas de atenção tendem a prolongar-se até à vida adulta.
O TDAH (ADHD) é o problema mais comum observado em instituições de saúde mental ambulatoriais de crianças e adolescentes. Calcula-se que o TDAH afete entre 5% e 10% das crianças em idade escolar. Os rapazes têm mais probabilidades de serem diagnosticados com TDAH (ADHD) do que as meninas. Os estudos sugerem que se verificou um aumento significativo do número de diagnósticos TDAH (ADHD) com o decorrer dos anos. Mas ainda há dúvidas sobre o fato de haver ou não um maior número de pessoas com o transtorno, ou se o diagnóstico é feito com maior frequência. A definição do transtorno mudou durante as últimas décadas e irá continuar a evoluir à medida que os especialistas têm mais explicações sobre a biologia por detrás desta situação.
O componente de atividade é menos aparente na TDAH (ADHD) adulta. Os adultos tendem a ter problemas com a memória e concentração e podem ter problemas em organizar-se e em assumir compromissos no trabalho ou em casa. A consequência do mau funcionamento pode ser a ansiedade, baixa auto-estima ou problemas de humor. Algumas pessoas recorrem a substâncias para gerir estes sentimentos.

Manifestações clínicas

Os sintomas de TDAH (ADHD) — falta de atenção, hiperatividade ou comportamento impulsivo — aparecem, muitas vezes, pela primeira vez, na escola. O professor pode queixar-se aos pais de que a criança não escuta, é “hiperativa,” ou causa problemas e perturba a aula. Uma criança com TDAH (ADHD), muitas vezes, quer ser boa aluna, mas os sintomas atrapalham. Os pais, professores e amigos podem não ser compreensivos, porque encaram o comportamento da criança como mau ou estranho.
Um elevado nível de atividade e impulsividade ocasional ou falta de atenção é, muitas vezes, normal numa criança. Mas a hiperatividade de TDAH (ADHD) é, tipicamente, mais descuidada, mal organizada e sem significado real. E nas crianças com TDAH (ADHD), estes comportamentos são suficientemente, frequentes considerando que a criança leva mais tempo a aprender, a socializar com as outras crianças ou a permanecer razoavelmente segura.
Os sintomas de TDAH (ADHD) podem variar bastante, mas aqui apresentam-se características comuns do transtorno:
Dificuldade em organizar o trabalho, dando, muitas vezes, a impressão de não ter ouvido as instruções do professor
  • Distrair-se facilmente
  • Inquietação excessiva ou comportamento agitado; incapaz de permanecer sentado
  • Comportamento impulsivo (age sem pensar)
  • Inquietação
  • Chama a atenção na aula com frequência (sem levantar a mão, gritando a resposta antes de se terminar a pergunta)
  • Não cumpre as solicitaçõe dos professores ou pais
  • Dificuldade em esperar pela sua vez num contexto de grupo
  • Incapaz de se concentrar num jogo, projeto ou trabalho de casa, mudando, muitas vezes, de uma atividade para a seguinte sem concluir nenhuma
Muitas crianças com TDAH (ADHD) também mostram sintomas de outros problemas comportamentais ou psiquiátricos. De fato, tais problemas podem ser formas diferentes dos mesmos problemas biológicos ou ambientais subjacentes se manifestarem. Estes problemas associados incluem dificuldades de aprendizagem e perturbações caracterizadas por comportamento perturbador.
  • Dificuldades de aprendizagem — Cerca de um quarto das crianças com ADHD também podem apresentar dificuldades de aprendizagem. Esta taxa é muito superior à taxa verificada na população geral.
  • Perturbações de oposição, desafio ou conduta — Estas perturbações comportamentais, que envolvem ataques frequentes de comportamento extremamente negativo, furioso ou maldoso, afetam cerca de metade das crianças que têm TDAH (ADHD). As crianças que têm tanto TDAH (ADHD) como perturbações de comportamento têm mais probabilidades de ter um mau prognóstico a longo prazo, com taxas superiores de insucesso escolar, comportamentos anti-sociais e abuso de substâncias.

Diagnóstico

Não há um teste individual para diagnosticar ADHD. Um pediatra pode fazer o diagnóstico de uma criança ou pode reencaminhá-la para um especialista. Para os adultos, em regra, um profissional de saúde mental faz a avaliação.
O clínico irá questioná-lo relativamente a sintomas relacionados com TDAH (ADHD). Dado que, nas crianças, há mais probabilidades de se observarem muitas destas características num contexto escolar, o clínico também irá questioná-lo relativamente ao comportamento na escola. Para ajudar a recolher esta informação, o avaliador irá, muitas vezes, entrevistar os pais, professores e outros prestadores de serviço ou pedir-lhes para preencher listas de verificação comportamentais especiais.
Tendo em conta que outras doenças podem provocar os sintomas de TDAH (ADHD), a obtenção do histórico médico e o exame físico são importantes. Por exemplo, o médico pode procurar problemas de audição ou de visão, dificuldades de aprendizagem, problemas de fala, perturbações convulsivas, ansiedade, depressão ou outros problemas comportamentais. Em alguns casos, outros testes médicos ou psicológicos podem ser úteis para verificar uma ou mais destas situações. Algumas vezes, estes testes podem ajudar os clínicos e os professores a desenvolver sugestões práticas.

Evolução Clínica

Na maioria das crianças com TDAH (ADHD), os sintomas começam antes dos 7 anos de idade e prolongam-se até à adolescência. Em alguns casos, os sintomas de TDAH (ADHD) continuam até a vida adulta.

Prevenção

Não se compreende totalmente a causa exata de ADHD. Há numerosos fatores que estão associados ao desenvolvimento de TDAH (ADHD). Pode haver dificuldade em evitar estes fatores, mas abordá-los pode reduzir o risco de desenvolver o transtorno:
  • Adversidade psicossocial — conflito matrimonial grave, comportamento criminoso do pai, perturbação mental da mãe, pobreza, a colocação da criança em orfanatos
  • Complicações durante a gravidez ou parto — saúde materna deficiente, perturbação fetal, baixo peso ao nascer
  • Parto prematuro
  • Uso de tabaco, álcool ou outras drogas por parte da mãe durante a gravidez
  • Intoxicação por chumbo — embora a exposição a chumbo não contribua para muitos casos e muitas crianças que estão expostas a chumbo não desenvolvam ADHD
A investigação mostra que determinados alimentos provavelmente NÃO provocam (TDAH) ADHD.

Tratamento

Embora nenhum tratamento elimine totalmente TDAH (ADHD), estão disponíveis muitas opções úteis. O objetivo do tratamento é ajudar as crianças a melhorar as relações sociais, a ter melhores resultados na escola e a reduzir o seu comportamento perturbador ou prejudicial a um mínimo. A medicação pode ser muito útil e, muitas vezes, é necessária. O tratamento medicamentoso, por si só, raramente é a solução. Em regra, a medicação e psicoterapia em conjunto apresentam os melhores resultados. Por exemplo, pode empreender-se um programa comportamental onde se estabeleçam expectativas estruturadas realistas.
Há muitas décadas que se usam estimulantes, são relativamente seguros e eficazes para a maioria das crianças para ajudá-las a concentrar os seus pensamentos e a controlar o seu comportamento.
Apesar do seu nome, os estimulantes não provocam o aumento da hiperatividade ou impulsividade. Se o transtorno tiver sido diagnosticado adequadamente, a medicação, na verdade, tem o efeito oposto. Os efeitos colaterais ligeiros comuns são diminuição do apetite, perda de peso, dores de estômago, perturbações de sono, dores de cabeça (cefaléias) e ansiedade. O ajustamento da dose pode ajudar, muitas vezes, a eliminar estes problemas. Os remédios estimulantes estão associados a algumas preocupações e efeitos colaterais graves.
  • Tiques nervosos. Há alguma evidência de que os tiques nervosos (movimentos não controlados) são mais prováveis em doentes com uma história familiar de perturbações de tiques, mas isso ainda é controverso.
  • Abuso de substâncias. Embora os estimulantes possam ser e são usados em excesso, a investigação recente mostra que, de fato, podem reduzir o risco de abuso de substâncias para as pessoas com ADHD.
  • Atrasos de crescimento. Os especialistas discordam quanto aos estimulantes tenham esse efeito no crescimento. Há alguma evidência de que as crianças que tomam estimulantes crescem a uma velocidade inferior ao esperado. Alguns médicos recomendam deixar de tomar estimulantes, periodicamente, durante os períodos de crescimento esperado.
  • Risco cardiovascular. As crianças que tomam estimulantes mostram, de fato, pequenos aumentos na tensão arterial e frequência cardíaca. Mas as grandes complicações cardíacas nas crianças, adolescentes e adultos que tomam estes medicamentos são extremamente raras. Os estimulantes não constituem um risco cardiovascular excessivo em crianças e adolescentes, exceto em pacientes que já apresentem defeitos cardíacos subjacentes ou doença.
Tendo em conta que tais riscos variam, em larga escala, dependendo do indivíduo, é primordial discutir os potenciais benefícios e riscos de cada tratamento com o seu médico. Outras abordagens ao tratamento, usadas isoladamente ou em combinação, podem incluir:
  • Terapia comportamental — Isto refere-se a técnicas que tentam melhorar o comportamento, em regra, gratificando e encorajando comportamentos desejáveis e desencorajando comportamentos indesejáveis, realçando suas consequências.
  • Terapia cognitiva — Trata-se de psicoterapia concebida para mudar o pensamento para aumentar a auto-estima, acabar com os pensamentos negativos e melhorar técnicas de resolução de problemas.
  • Formação de técnicas sociais — O desenvolvimento de técnicas sociais melhora as amizades.
  • Educação e apoio dos pais — As aulas de formação, os grupos de apoio e conselheiros podem ajudar a ensinar e apoiar os pais em relação ao TDAH (ADHD), incluindo estratégias para lidar com comportamentos relacionados com TDAH (ADHD).
Tendo em conta que muitas crianças com TDAH (ADHD) também são incomodadas pelas más notas e problemas de comportamento escolar, as escolas podem ter de fazer ajustes e intervenções educacionais (tais como um plano educacional individualizado) para promover o melhor ambiente de aprendizagem possível para a criança.

Quando Procurar um Médico

Procure o seu médico se o seu filho mostrar sintomas de ADHD ou se os professores o notificarem de que o seu filho está tendo dificuldades acadêmicas, problemas de comportamento ou dificuldade em prestar atenção.

Prognóstico

O TDAH (ADHD) pode provocar problemas emocionais, sociais e educacionais significativos. No entanto, quando diagnosticado o TDAH (ADHD) logo no início e sendo tratado adequadamente, pode ser tratado de forma eficaz, para que as crianças possam crescer e ter vidas produtivas, bem sucedidas e gratificantes. Embora algumas crianças pareçam deixar de ter TDAH (ADHD) quando chegam ao período da adolescência, outras têm sintomas permanentes.

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